9 de Agosto de 2023

Águas de Ponta Preta emite primeiras obrigações verdes para financiar projecto de central fotovoltaica

A Águas de Ponta Preta (APP), empresa cabo-verdiana Associada da ALER, emitiu a primeira obrigação verde (em inglês, green bond) realizada pela Bolsa Valores de Cabo Verde (BVC) com um encaixe de 100%, resultando no montante de 500 mil contos.

 

As obrigações verdes são instrumentos financeiros de dívida, emitidos por entidades públicas ou privadas com o objectivo de financiar projectos ou actividades que tenham benefícios ambientais ou sustentáveis. Neste caso, o empréstimo obrigacionista emitido pela APP destina-se a financiar o projecto de desenvolvimento de uma central fotovoltaica de cinco megawatts em Salamansa, na ilha de São Vicente.

 

Um projecto, que segundo o presidente da BVC, Miguel Monteiro, vai ao encontro do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS) e que está em linha com o Plano Director Nacional do Sector Eléctrico para o período 2018/2040, em que o Governo de Cabo Verde estabelece como meta superar os 50% de produção de energia eléctrica a partir de fontes de energias renováveis.

 

Miguel Monteiro considerou que, com a emissão destas obrigações verdes, está-se a contribuir directamente para a produção de energia rentável, eficiência energética e para a redução das emissões de gases com efeito de estufa.

 

Para o presidente do Conselho de Administração da APP, Norberto Larriba Blay, é um orgulho para a empresa, com mais de 20 anos no mercado cabo-verdiano, no sector da água e energia, estar a emitir as primeiras obrigações verdes.

 

Norberto Larriba Blay perspectiva que o projecto a ser implementado com o empréstimo obrigacionista gere um preço de energia competitivo que pode chegar a quatro escudos por kilowatt/hora (kw/h).

 

“São 5,59 kw durante os primeiros 15 anos e quatro escudos entre os 16 e os 25 anos. Temos de lembrar que isso fica menos 82% da tarifa actual que é regulada pela Agência Reguladora Multissectorial de Economia (ARME)”, disse.

 

O responsável pela APP falou igualmente do aproveitamento dos recursos locais renováveis, com repercussão na balança de pagamento do País, na garantia da independência energética, na competitividade da indústria do País, bem como na dinamização da criação de postos de trabalho.

 

O acto de apresentação dos resultados da oferta particular contou com a presença da secretária de Estado do Fomento Empresarial, Adalgiza Vaz, que felicitou a empresa e a Bolsa de Valores pelo sucesso desta operação que alinha o País com o desenvolvimento mundial sustentável em crescimento exponencial.

 

A governante lembrou que o País dispõe de um Plano Director Nacional do Sector Eléctrico para o período 2018/2040 com ambições e metas que só podem ser concretizadas com a participação do sector privado.

 

“Estamos cientes de que o sucesso dessa operação ora apresentada resultará num aumento de capacidade de construção de uma carteira de projectos verdes que reduzam os riscos de investimentos, bem como ajudará a reforçar a confiança dos investidores de longo prazo em projectos resilientes, ou seja, projectos de eficiência energética, de energia renovável, de agricultura inteligentes, infra-estruturas resilientes e outras soluções”, indicou.

 

Fonte: Inforpress