“Temos um longo caminho a percorrer, mas sentimos que é possível um progresso rápido”
Há dois anos atrás, na reunião do Banco Mundial no Quénia, as empresas de mini-redes (ou utilities descentralizadas, como lhes chamamos) em conjunto com os doadores concluíram que uma das principais barreiras ao aumento do financiamento para mini-redes é a falta de informações fiáveis de benchmark sobre custos, desempenho de negócios e sistemas, e as necessidades financeiras em mini-redes. Muitas vezes, esta situação impede que os financiadores avaliem adequadamente as empresas, quando procuram investimento, o que os leva a simplesmente não investir.
Quando a reunião do Banco Mundial terminou, verificou-se um grande apoio para a criação de uma Associação de Promotores de Mini-redes da África (AMDA) para lidar especificamente com esta lacuna. Desde então, os membros fundadores da AMDA definiram os principais princípios de política e regulamentação para o sector que consideram fundamentais para alcançar com sucesso o acesso universal à energia. É importante destacar que também desenvolvemos um conjunto de indicadores chave de desempenho (KPIs), sobre os quais, os membros devem partilhar informações, e que inclui: custos de ligação, número de ligações, fiabilidade do serviço, fiabilidade dos pagamentos, receita anual por usuário e fontes, e quantidade de financiamento.
Se uma empresa fosse partilhar essa informação sozinha, isso representaria um risco. Mas ao partilhar em conjunto, estamos a criar uma base sólida para o diálogo e oportunidades de trabalho junto de governos e doadores (demostrando que somos uma opção mais barata e fiável, por ligação, em relação a grandes utilities) e também junto dos financiadores (demostrando o que é necessário, o que é possível em termos financeiros e como podemos apoiar melhor o sector). Planeamos recolher estes dados de forma contínua em parceria com uma empresa líder de dados e publicá-los gratuitamente on-line, de forma a que as utilities descentralizadas também possam usá-los para entender melhor o seu desempenho, em comparação com outras empresas do sector.
Com estes valiosos dados, a AMDA vai trabalhar juntamente com outros parceiros como é o caso da Associação Lusófona de Energias Renováveis, para informar um conjunto de organizações estratégicas e direccionadas para a defesa de políticas e finanças, e influenciar os objectivos em torno da África Subsaariana. Actualmente, estamos a angariar fundos para usar esses dados tanto para construir fortes projectos de pesquisa e análise sobre, incertezas do off-taker e aumento de carga, entre outros tópicos, como para o financiamento de projectos para serviços públicos descentralizados. Também estamos a trabalhar arduamente para angariar financiamento para formar delegações e equipas da AMDA em todo o continente, de forma a ajudar as empresas a melhorar o acesso ao financiamento.
Temos um longo caminho a percorrer, mas sentimos que é possível um progresso rápido quando a informação certa está nas mãos das pessoas certas. E estamos a trabalhar para que isso aconteça. Se estiver interessado em se tornar membro da AMDA e responder aos nossos critérios, contacte-nos!
Aaron Leopold
Director Executivo, Africa Mini-grid Developers Association
Conselho de Administração, Alliance for Rural Electrification