Energias Renováveis: a nova e grande aposta da Electricidade de Moçambique
A Estratégia da EDM 2018-2028 dispõe que ‘Moçambique e a EDM têm pela frente um desafio fulcral de desenvolvimento, que consiste em fornecer energia de qualidade e expandir a capacidade de geração e de transmissão de electricidade, para satisfazer a crescente procura doméstica (e regional), promover o desenvolvimento industrial e expandir o acesso de energia.
O acesso à energia na região da SADC é de apenas 36% e o aumento do acesso é uma grande prioridade. Projecções sugerem que a procura aumentará em 50% até 2030. Só em 2017, a demanda máxima de energia eléctrica em Moçambique atingiu 1.850MW e, em toda a região da África Austral, atingiu o pico de 38.897MW. Para a grande maioria da população, essas demandas têm sido historicamente satisfeitas com a utilização de fontes tradicionais, como madeira ou carvão. Em 2011, estas fontes representaram 64% da produção de energia e 77% do consumo final de energia em Moçambique. Este quadro tradicional não pode ser sustentável a longo prazo.
A energia renovável constitui uma abordagem em que todos só ganham, o que contribui para o aumento do acesso universal à energia eléctrica em Moçambique, bem como para a segurança energética. Este é especialmente o caso em Moçambique, onde as principais fontes de produção de energia renovável (sol, vento, hídrica, etc.) existem em abundância. O sector de energias renováveis também servirá como impulsionador do crescimento económico, numa época em que a escalada dos custos de geração e exploração de energia eléctrica, o envelhecimento das infra-estruturas e o crescimento da população constituem grandes desafios.
Para a EDM, as energias renováveis tradicionais (solar e eólica) tornaram-se a nova e grande aposta.
A Electricidade de Moçambique, E.P tem vindo a apostar fortemente na promoção e desenvolvimento das tecnologias de energias renováveis como fontes futuras e alternativas seguras de produção de energia eléctrica e como fontes limpas na diversificação da matriz energética nacional para o alcance do acesso universal à energia eléctrica para todos os moçambicanos no ano 2030, à luz do Programa Energia para Todos, lançado em Outubro do ano passado pelo Governo moçambicano, sendo que cerca de 40% do acesso será feito com recurso a fontes de energias renováveis ligados à rede nacional e em sistemas isolados e descentralizados, permitindo aproximar os parques produtores aos maiores centros de cargas, diminuindo as perdas de energia.
Nesta senda, a EDM criou uma nova unidade, a Direcção de Energias Renováveis e Eficiência Energética para se dedicar exclusivamente aos assuntos relacionados com os projectos de energias renováveis, incluindo a investigação das respectivas tecnologias. Um plano operacional está sendo desenhado para orientar o urgente desenvolvimento deste sector. Segundo o Plano Director integrado de Infra-estrutura de Energia, esperamos aumentar a participação de energia renovável até 20% nos próximos 25 anos. Isso traduzir-se-á em cerca de 1200 MW de geração de energia; contudo, devido à instabilidade provocada pela intermitência sobretudo das tecnologias eólicas e solar, estas fontes deverão ser acompanhadas de centrais de base como as de sistemas de armazenamento de energia neste caso as baterias.
Dois projectos de energia solar (41MW cada) estão já em construção, sendo que o primeiro está já a fornecer energia eléctrica, a Central Solar de Mocuba. O segundo, a Central Solar de Metoro, em Cabo Delgado, vai arrancar em breve. Muitos parceiros internacionais e bilaterais estão a cooperar com a EDM e com o Governo de Moçambique neste campo emergente. Por exemplo, e sob o esquema parceria público-privado, a EDM e algumas empresas iniciaram estudos de viabilidade em vários locais com potencial em energias renováveis, que incluem três centrais eólicas em Namaacha, Manhiça e Cahora Bassa, e uma fotovoltaica em Cuamba, província de Niassa, cada uma produzindo 30 MW. A UE também está apoiando o estabelecimento de uma Tarifa de Energia Renovável (REFIT) e um Centro de Recursos. Muito agradecemos estas parcerias estruturantes.
Merecem igualmente menção as seguintes iniciativas em desenvolvimento. Com o objectivo de catalisar e trazer ainda mais transparência nesta área emergente, em 2017, desenhamos o Programa de Leilão em Energias Renováveis (PROLER), para servir de mecanismo de licitação de projectos nesta área. O PROLER prevê o lançamento de quatro projectos de 30MW cada, sendo três centrais solares e uma central eólica, até 2021, com apoio da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) através da União Europeia-África para as Infra-estruturas. Corre também o programa “GETFiT – Global energy transfer feed in tariff”, em parceria com a KfW no total de 120 MW em tecnologia solar, biomassa e mini-hídrica. Estamos também a elaborar um plano operacional de energias renováveis na EDM para os próximos 5 anos com o apoio da AFD.
Além destes, temos outros apoios dos parceiros internos e externos, cujo objectivo principal é a contribuição para o alcance do Acesso Universal em 2030 com a implementação dos projectos de energias renováveis, redução de perdas, diversificação da matriz energética e redução de emissões e mitigação das mudanças climáticas em Moçambique.
Além disso, desde Dezembro de 2016 que a EDM se tornou Associada da ALER, reiterando desta forma o nosso compromisso para com a promoção das energias renováveis. Contamos com o apoio da ALER na divulgação de todas as nossas iniciativas nesta matéria e na ligação ao sector privado, ajudando a atrair promotores e financiadores para apresentação de projectos.
Agradecemos e regozijamo-nos bastante com estas parcerias todas, que nos ajudarão a conseguir o nosso desiderato de nos tornarmos uma empresa de referência e um polo regional de energia.
Bem hajam, Caros Parceiros!
Eng. Aly Sicola Impija
Presidente do Conselho de Administração