O Novo Atlas expõe o potencial energético em África e as oportunidades de investimento para satisfazer as necessidades energéticas do continente
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Banco Africano para o Desenvolvimento (BAfD) lançaram recentemente um Atlas que descreve o potencial energético no continente africano e as oportunidades de investimento para satisfazer as suas necessidades energéticas. Esta apresentação teve lugar no âmbito do Fórum Económico Mundial sobre a África, em Durban, na África do Sul.
O "Atlas dos Recursos Energéticos em África" examina os desafios e as oportunidades de proporcionar à população africana acesso a serviços energéticos fiáveis, acessíveis e modernos e defende os investimentos em infra-estrutura de energia verde para melhorar o desenvolvimento económico e ajudar o continente a alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O consumo de energia em África é o mais baixo do mundo, e o consumo per capita praticamente não se alterou desde 2000. A actual produção de energia em África é insuficiente para satisfazer a procura. Cerca de um terço da população total africana ainda não tem acesso à electricidade e 53% da população depende da biomassa para cozinhar, aquecer o espaço e secagem.
Preparado em cooperação com o Environmental Pulse Institute, United States Geological Survey e George Mason University, o Atlas consolida a informação sobre o panorama energético em África. Fornece informações sob a forma de imagens, gráficos, mapas e outros dados de satélite detalhados "antes e depois", referentes a 54 países através de recursos visuais enumerando os desafios e oportunidades de fornecer à população africana acesso a serviços de energia confiáveis, acessíveis e modernos.
As principais conclusões e preocupações descritas no Atlas são:
- África tem o consumo de energia per capita mais baixo do mundo: 16% da população mundial que consome cerca de 3,3% do total de energia primária.
- A nível mundial, entre os 20 países com menor acesso à electricidade 13 são africanos, dos quais fazem parte Moçambique e Angola.
- De acordo com as tendências, vai demorar até 2080 para o continente Africano alcançar o acesso universal à electricidade.
- De todas as fontes de energia, África consome sobretudo petróleo (42% do seu consumo total de energia), seguido de gás (28%), de carvão (22%), de hídrica (6%), de energias renováveis (1%) e nuclear (1%).
- Os recursos de energia renovável em África são diversos, desigualmente distribuídos e enormes em quantidade - o potencial solar é praticamente ilimitado (10 TW), e existem recursos abundantes hídricos (350 GW), eólicos (110 GW) e geotérmicos (15 GW).
- Cerca de 60% dos frigoríficos utilizados em postos de saúde em África não têm acesso a electricidade fiável, comprometendo o armazenamento seguro de vacinas e medicamentos; metade das vacinas ficam inutilizáveis devido à falta de refrigeração.
- A energia proveniente da biomassa representa mais de 30% da energia consumida em África e mais de 80% em muitos países da África subsariana. A poluição em espaços interiores derivada da utilização da biomassa para cozinhar - uma tarefa geralmente realizada por mulheres - em breve matará mais pessoas do que a malária e o HIV/SIDA juntos.
- A África subsaariana possui recursos energéticos desconhecidos, mas passíveis de ser tecnicamente explorados, estimados em cerca de 115,34 mil milhões de barris de petróleo e 21,05 biliões de metros cúbicos de gás.
- A pobreza energética atinge mais mulheres do que homens.
O Atlas dos Recursos Energéticos em África apresenta mais de 64 mapas e 73 imagens de satélite, assim como 50 gráficos e centenas de fotos atrativas. O Atlas dá um grande contributo para o estado do conhecimento sobre o sector da energia em África, destacando as oportunidades e desafios para o desenvolvimento sustentável dos recursos energéticos no continente.
O Atlas pretende facilitar o acesso a dados informativos e energéticos a todos os actores, incluindo doadores, governos africanos e sector privado.
Todos os materiais que constam no Atlas não são protegidos por direitos de autor e estão disponíveis para livre utilização, desde que o Atlas seja reconhecido como fonte.
Aceda ao Atlas aqui.
Todas as imagens do atlas, incluindo imagens de satélite individuais e outros gráficos, podem ser descarregados em www.unep.org e www.enviropulse.org