'Passámos de um sector com imenso potencial, mas pouco abordado, para um sector central para o alcance das metas do acesso universal até 2030.'

Passaram praticamente dois anos desde que escrevi o primeiro editorial sobre o programa BRILHO Energy Africa, a sua missão, os objectivos e a abordagem.

Durante este período houve uma profunda evolução do sector de energia fora da rede em Moçambique. Passámos de um sector com imenso potencial, mas pouco abordado, para um sector central para o alcance das metas do acesso universal até 2030.

No final de 2021, o Governo de Moçambique (GdM) estimou que até 2030 cerca de 40% do total das novas ligações à energia seriam através de tecnologias fora da rede, por meio de sistemas solares domésticos e mini-redes, e no presente ano de 2022, cerca de 25% dessas ligações adicionais foram atingidas pelas iniciativas de negócio apoiadas pelo programa BRILHO.

Esta evolução do ecossistema do sector de energia fora-da-rede deve-se a dois elementos chave:

1. A aprovação do quadro regulatório moderno e completo para o sector, que marca uma nova era para o sector da energia e especialmente para os promotores e operadores de mini-redes poderem trabalhar em Moçambique. Assim, o país junta-se aos demais países vizinhos com mecanismos para catalisar o sector de energia off-grid e garantir as condições necessárias para que o sector privado acelere os seus investimentos e dimensione sua actuação num conjunto diversificado de tecnologias aplicáveis ao contexto off-grid, como sistemas solares caseiros, mini-redes e soluções de cozinha melhorada;

2. O crescimento exponencial do número de iniciativas de negócio levadas a cabo por parceiros do sector privado, e o seu crescimento no fornecimento de produtos e serviços de energia.

Desta forma, é com imenso orgulho e sentido de responsabilidade que a SNV – Organização Holandesa de Desenvolvimento através do programa BRILHO reafirma o seu comprometimento e colaboração para a materialização deste dois elementos, e sente-se honrada pela confiança do Governo de Moçambique, nomeadamente do Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME), da Autoridade Reguladora de Energia (ARENE) e do Fundo Nacional de Energia (FUNAE), no papel de liderança, coordenação e apoio técnico neste processo.

Durante os últimos dois anos, o programa BRILHO desenvolveu um portfólio de investimentos com 22 empresas activas, que estão a actuar em todas as províncias de Moçambique, distribuindo tecnologias de qualidade e promovendo modelos de negócio inovadores que permitem a sua aquisição por parte das populações carenciadas.

O acesso à energia tem gerado um grande impacto na melhoria de qualidade de vida das famílias mas, ao mesmo tempo, tem demonstrado ser um ponto de partida para a criação de oportunidades de negócio e de geração de renda, possibilitando um desenvolvimento económico e social das comunidades locais. Até Setembro de 2022, o programa já conseguiu os seguintes resultados:

+ 884,000 Moçambicanos com acesso a soluções de electrificação e soluções de cozinha melhorada;
+ 13,000 micro e pequenos negócios locais que fazem uso comercial e produtivo destas tecnologias;
+ USD 20 milhões de investimento privado mobilizado;
+ 202,000 toneladas de emissões de CO2 evitadas.

Estes resultados evidenciam um enorme crescimento do sector nos últimos anos, reconhecido também por organizações internacionais como a GOGLA que destaca Moçambique como um dos mercados que mais cresceu nos últimos dois anos.

Sem dúvida, estes resultados são muito animadores e positivos. Este é o momento em que todos os actores públicos, privados, de desenvolvimento e as associações do sector como a ALER terão que juntar forças para a materialização de todo o potencial do sector na sua contribuição para atingir o nosso objectivo comum de acesso universal a energia em 2030.

Sobre o BRILHO

BRILHO é um programa de cinco anos (2019-2024), financiado pelo Foreign, Commonwealth & Development Office (FCDO) do Governo Britânico e pela Swedish International Development Cooperation Agency (Sida) do Governo da Suécia, e implementado pela SNV - Organização Holandesa de Desenvolvimento.

O objectivo do programa é estimular o sector privado a concentrar os seus esforços, recursos e capacidade inovadora para desenvolver e investir em produtos, sistemas e serviços de energia fora da rede de qualidade e acessíveis, a fim de melhorar a vida das pessoas de baixos rendimentos em Moçambique.

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